Uma pesquisa multicêntrica, realizada
em sete países do Cone Sul, concluiu que é mais barato para o
governo oferecer tratamento para livrar os fumantes do vício do que
arcar com os gastos causados por seus malefícios. O levantamento
realizado por pesquisadores do hospital universitário Clementino
Fraga Filho, responsáveis pela parte brasileira do estudo, mostrou
que o custo do tratamento para abandonar o vício sairia por R$ 428
por pessoa, enquanto um enfarte custa 18 vezes mais caro, saindo, em
média, R$ 8 mil para o Sistema Único de Saúde (SUS).
Para o pneumologista e coordenador do
Núcleo de Estudos e Tratamentos do Tabagismo do hospital
universitário, Alberto Araújo, a importância do estudo é fornecer
parâmetros locais para a formulação de políticas antitabagistas no
Cone Sul. "Os estudos que nos baseávamos eram todos da Europa ou da
América do Norte".
As informações utilizadas foram
recolhidas no Datasus, sistema de informações do Ministério da
Saúde, e referem-se ao ano de 2005. Segundo o estudo, 15% dos gastos
do SUS - ou R$ 1 bilhão -, foram com as cinco principais doenças
provocadas pelo tabagismo: acidente vascular cerebral (AVC), doença
pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), câncer de pulmão e ataque
cardíaco.
Segundo dados da Organização Mundial de
Saúde (OMS), os custos pelo uso do tabaco têm causado perda de US$
200 bilhões por ano. Os R$ 428 necessários para cada tratamento
antitabagista inclui sessões de apoio psicológico em grupo, terapias
com medicamento, goma de mascar e adesivo de nicotina.
A pesquisa também analisou o sucesso
dos programas antitabagistas oferecidos no País. Em média, eles
alcançam de 35% a 45% de sucesso, o que significa que o paciente
fica sem fumar pelo menos um ano depois do tratamento.
O núcleo do hospital universitário do
Rio já tratou 1 136 pessoas, sendo que 826 concluíram o tratamento.
"O cigarro é um dos responsáveis por hipertensão arterial, ataque
cardíaco, derrame, doença obstrutiva crônica, enfisema pulmonar e
anemia, entre outro males. O desafio que se coloca para cada um de
nós, nos dias atuais, é o de encorajar um colega de trabalho, um
amigo ou um familiar fumante a deixar de fumar", explicou
Araújo
O cigarro possui 4.700 substâncias
nocivas à saúde, das quais 80 são comprovadamente cancerígenas,
responsáveis por tumores malignos nos pulmões, na boca, na garganta,
na próstata, nos rins e no estômago, entre outros órgãos. A
Organização Pan-Americana da Saúde estima que, a cada ano, o cigarro
mate cerca de 200 mil pessoas no Brasil.
Fonte: AE