Entretenimento > Diversão
> São Paulo >
Noite |
Oferecido por: |
| |
NOITE |
Proibido fumar,
mesmo! O novo projeto de lei do
governador José Serra prevê a proibição terminante do cigarro em
locais públicos, fechados ou não. As punições vão de multa à
cassação do alvará do estabelecimento
|
|
Foto: Getty
Images |
Uma roda de
amigos no bar. Risadas altas, barulho de copo tilintando. Alguém
saca a caixa de cigarro do bolso e estala o isqueiro. Antes da
segunda tragada, o garçom cutuca o cidadão e aponta para a plaquinha
de "Proibido Fumar". Cigarro no cinzeiro ou cliente na rua. Rígido e
determinante, o novo projeto de lei criado pelo governador José
Serra e pelo secretário de Estado da Saúde Luiz Roberto Barradas
Barata - já encaminhado à Assembléia Legislativa - vai obrigar
bares, restaurantes e baladas a agir dessa maneira. A legislação
proíbe terminantemente o fumo em ambientes coletivos, públicos ou
privados, incluindo bares, restaurantes, boates, hotéis e áreas
comuns de condomínios em todo o território estadual. A nota da
assessoria de imprensa do governo confirma: "É a mais dura
legislação contra o tabaco já lançada na história de São
Paulo".
A história começou com a proibição do cigarro em
locais fechados. Para evitar multas e puxadas de orelha oficiais,
alguns bares e casas noturnas "investiram" em áreas para fumantes;
outros decidiram contar com a própria sorte. Em vão. É quase certo
que o projeto será aprovado, para o pânico dos fumantes e alívio de
quem detesta chegar em casa fedendo cigarro dos pés à cabeça. De
acordo com o projeto, "os responsáveis pelos estabelecimentos
deverão advertir os infratores e, na insistência das pessoas, pedir
que saiam do local, chamando até mesmo a polícia, se necessário". O
maior dilema (talvez menos dramático que o da lei seca) é como as
casas - em especial as noturnas - procederão em relação aos fumantes
mais ousados.
E agora?
|
|
Foto: Getty
Images |
No Café
Elétrico, que possui um pequeno quintal destinado aos fumantes, isso
não será um grande problema. "Advertiremos as pessoas do mesmo modo
como já as orientamos a não fumar fora de nossa área reservada para
isso: com delicadeza e educação", esclarece Dina Cardoso, uma das
proprietárias do simpático bar na região do Pacaembu. Procuradas
pela equipe do Guia da Semana, boates
como o Glória, a Clash e a Pacha não deram (ou enrolaram para dar)
suas respectivas opiniões até o fechamento desta reportagem. A
assessoria de imprensa da Pacha, por exemplo, informou que esse
assunto ainda não foi discutido entre proprietários e
administradores do clube.
Para João Pedro Caleiro, que fuma
em média três cigarros por dia e até um maço quando sai de balada, a
medida é radical. "Lugares abertos não permitem a dispersão da
fumaça? E locais privativos como táxis, ambientes de trabalho, será
que eles não poderiam decidir por si próprios se querem banir o fumo
nos espaços que pertencem a eles mesmos?", questiona. "Acredito que
os efeitos do fumo passivo são exagerados e que existe uma onda de
politicamente correto, de demonização do fumante e de ditadura da
saúde que me incomoda profundamente. Nem todo mundo coloca ´viver o
máximo possível com o maior nível de saúde possível´ como a única
prioridade na vida".
Luiza Goulart fuma "socialmente" e
partilha da mesma opinião. "Não é legal ir a um bar e voltar fedendo
a cigarro. Não vejo problemas em fumar num lugar aberto, numa
varanda ou num lugar que seja determinado como "área de fumantes". É
tudo muito radical; tanto o fumo indiscriminado em lugares que não
suportam tanta fumaça quanto a lei proibindo fumar em praticamente
todos os lugares públicos".
Carioca morador de São Paulo,
Bruno Cardoso alfineta: "lei semelhante a que temos aqui já está em
vigor no Rio de Janeiro há um tempo e grande partes dos bares e
restaurantes da cidade se ´adaptou´ criando áreas externas onde é
possível fumar, o que é uma solução mais sensata. Gostaria de ver o
mesmo empenho do governo para evitar que veículos, indústrias e
outros grandes poluidores fossem forçados a emitirem menos
poluentes. Não há fumante no mundo que seja mais prejudicial à saúde
do que o ar que respiramos 24 horas por dia em São
Paulo".
Segundo o secretário da saúde, Luiz Roberto Barradas
Barata, a adaptação ocorrerá com o tempo. "A restrição do tabaco em
ambientes fechados de uso coletivo é uma tendência mundial. A fumaça
do cigarro não respeita fronteiras, e já está comprovado que os
fumódromos não são eficazes no isolamento dos poluentes. Não fumar
em ambientes fechados é uma questão de mudança de hábitos, que só
trará benefícios às pessoas, inclusive aos fumantes, porque com a
restrição a tendência é que as pessoas fumem menos".
Para
toda regra...
Freqüentadores de tabacarias, acalmem-se,
não há com o que se preocupar. Excluídos da legislação, esses locais
não são alvo da futura nova lei. Locais de cultos religiosos, que
utilizem o fumo para a prática de algum ritual, também não têm o que
temer. Vias públicas, residências e instituições de saúde que tenham
pacientes autorizados a fumar não sofrem punição.
Aos demais
ambientes - pousadas, casas de espetáculos, teatros, cinemas,
centros comerciais, bancos, supermercados, açougues, farmácias,
padarias, repartições públicas, escolas, museus, bibliotecas,
espaços de exposições, veículos de transporte coletivo, viaturas
oficiais e táxis -, será obrigatória a afixação de avisos sobre a
proibição. Quem quiser denunciar a infração da lei, pode telefonar à
Vigilância Sanitária ou ao Procon. Os transgressores estarão
sujeitos às punições previstas no código de Defesa do Consumidor,
que podem ser de multas à cassação da licença de funcionamento do
estabelecimento.
| |
|
|