Jornal revela papel de Blair no escândalo
sobre publicidade de tabaco na F-1
EFE
Londres, 12 out (EFE).- O ex-primeiro-ministro do Reino Unido Tony Blair
interveio pessoalmente para que as corridas de Fórmula 1 ficassem isentas da
proibição da publicidade de tabaco em todos os eventos esportivos após se reunir
com Bernie Ecclestone, presidente da categoria, revelou hoje o "The Sunday
Telegraph".
A publicação teve acesso a documentos oficiais sobre o escândalo, um dos mais
famosos do Governo de Blair. Em 1997, ele anunciou que as corridas de F-1
ficariam isentas dessa proibição.
Cinco dias depois, Ecclestone tornou pública a doação de um milhão de libras
(quase 1,5 milhão de euros) feita aos trabalhistas, partido do ex-primeiro
ministro, antes das eleições gerais de maio daquele ano.
O Governo sempre argumentou que a reunião com Ecclestone não teve influência
na decisão. Entretanto, os documentos oficiais revelam que Blair pediu que seus
ministros encontrassem fórmulas para isentar a categoria desta medida
imediatamente depois do encontro, em 16 de outubro de 1997.
Segundo a versão oficial, a decisão foi tomada em conjunto com o Ministério
da Saúde, numa data posterior.
No entanto, segundo o "Daily Telegraph", a algumas horas da reunião o
primeiro-ministro ordenara a seu chefe de Gabinete, Jonathan Powell, que
informasse à então secretária de Saúde Pública, Tessa Jowell, sobre sua
decisão.
No dia seguinte, Jowell foi informada por escrito de que o primeiro-ministro
gostaria que fossem encontrados meios para conseguir a revogação permanente
"para um esporte em particular, a F-1".
Em 24 de outubro, ela propôs opções a Blair, incluindo a idéia da isenção.
Cinco dias mais tarde, ela recebeu uma carta segundo a qual a opinião (do
primeiro-ministro) continuava sendo a de que "se deveria buscar negociar uma
isenção permanente para a F-1".
Depois, a secretária escreveu à União Européia (UE) para expressar seu ponto
de vista, segundo os documentos, preparados por funcionários que trabalhavam
para a então secretária de Saúde Pública.
No entanto, Blair sustentou que a decisão foi tomada em 5 de novembro.
EFE