Camille Rodrigues da Silva *
Os fumantes definitivamente perderam a paz de fumar sem receber
um olhar de reprovação ou mesmo sem sentirem-se incomodados com o próprio ato.
Eu não tenho absolutamente nada contra os fumantes, pelo contrário, minha
alegria como médica é ajudá-los no momento que desejarem abandonar o vício.
A grande maioria das pessoas começam a fumar na adolescência. A média de
idade de experimentação do cigarro no Brasil já chegou aos 11 anos, um dado
alarmante que leva mães a morrerem de preocupação e se descabelarem, com razão.
Dificilmente alguém iniciará o habito de fumar após os 20 anos, fato
estatisticamente provado.
O adolescente inicia o hábito de fumar por
curiosidade e necessidade de auto-afirmação. É fácil arranjar um cigarro com o
amigo e mais fácil ainda esconder a insegurança atrás de umas baforadas. O
adolescente fumante não pensa nas doenças relacionadas ao tabagismo. Para eles
essas doenças estão muito distantes dos seus pensamentos e da curiosidade com o
mundo que ele está descobrindo. O que assusta é que após um ano fumante, 50% dos
adolescentes já apresentam dependência física à nicotina, e a indústria do
cigarro sabe disso.
Adolescentes que convivem com pais que fumam têm maior
chance de tornarem-se fumantes, devido a três fatores principais: fácil acesso
ao cigarro, exemplo dentro de casa e predisposição genética, esta última nem
sempre presente. Obviamente o discurso de "fumar faz mal" e "não experimente o
cigarro" dirigido ao filho não funciona.
E já na vida adulta, quando o
fumante muda sua visão e reconhece os malefícios que o cigarro lhe traz, o
hábito de fumar já se infiltrou na rotina e a tolerância à nicotina aumentou. E
na correria das tarefas diárias ele deixa para depois o momento de enfrentar o
vício e abandonar em definitivo o cigarro.
Fumar já faz parte dos rituais
diários e o cigarro passou a ser uma extensão da pessoa. Levantar e não acender
um cigarro torna-se estranho. Falar ao telefone sem dar umas tragadas não tem
graça. Entrar no carro e não ter um cigarro na mão então é impossível!
É
assim que acontece com você? Foi desta forma que você começou a fumar? Para a
maioria das pessoas a resposta é "sim". Mas não se penitencie, pois a boa
notícia é que parar de fumar sempre traz benefícios em qualquer idade ou
situação. Mude sua rotina de vida, invista em sua saúde, marque a data para
jogar o cigarro fora e aproveite tudo de bom que virá depois desta mudança.
*Pneumologista, sócia da Avir Saúde Educação e Tratamento do Tabagismo, colunista do Jornal do PrevFumo e autora do livro "Apague o Cigarro de Sua Vida
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