Usar uma marca de cigarros com baixos teores não garante menores níveis de nicotina e alcatrão aos usuários. Essa descoberta faz parte de informações da própria indústria de cigarros e está disponível ao público a partir de um processo judicial nos Estados Unidos.
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Para entender isso, precisamos antes conhecer
como são dosadas as substâncias presentes na fumaça do cigarro para serem
classificados como de baixos teores. Foram estabelecidos padrões
internacionais para a nicotina, alcatrão e gás carbônico liberados na
fumaça do cigarro. Uma máquina de fumar realiza tragadas de forma controlada e
mede as concentrações de tóxicos na fumaça liberada.
O que as fábricas
descobriram foi que os cigarros fumados na máquina liberam baixos teores de
nicotina e alcatrão. Porém, quando usados por fumantes humanos, oferecem
quantidades em média 50% maiores dessas substâncias. O que determina essa
diferença é a elasticidade do cigarro ao ser submetido à pressões diferentes de
tragada.
Força na tragada
A problema para os fumantes está na observação de dois aspectos do
comportamento dos tabagistas. Fumantes regulares, ao usar marcas com menos
nicotina, mudam seu padrão de tragadas, ou seja, puxando o ar mais forte e mais
frequentemente. A profundidade da tragada e sua freqüência mudam para manter o
mesmo nível de nicotina no sangue ao que o usuário está habituado.
A
descoberta, realizada pelas próprias companhias de cigarros, traz implicações
éticas importantes. Ao mudar para o que acredita ser uma marca de cigarro com
baixos teores, um fumante pode adiar sua decisão de parar de fumar e na verdade
continuar a receber a mesma carga de produtos químicos.
Luis Fernando Correia é médico e apresentador do "Saúde em Foco",
da CBN.
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