CidadesRestrição. Bares e
restaurantes podem se classificar como casas
especializadas em tabaco e permitir fumo
Tabacaria pode ser brecha na
lei
Projeto que proíbe consumo de cigarro foi
aprovado em 1º turno na Assembleia
THIAGO LEMOS
Bares e restaurantes podem encontrar na
própria lei 3.035/09, que proíbe o consumo do cigarro em
locais fechados, públicos e privados de Minas Gerais,
uma maneira de burlá-la. Isso porque, entre as exceções,
o projeto libera o fumo em tabacarias. Para associações
antitabagistas, o fato pode fazer com que, para fugir da
restrição, comerciantes classifiquem seus
estabelecimentos como casas especializadas em derivados
do tabaco.
O projeto foi aprovado em primeiro
turno na última terça-feira na Assembleia, e está sob
análise da Comissão de Saúde.
Em São Paulo, onde
a lei já está em vigor, nem mesmo as tabacarias escapam
das fiscalizações. Se além de produtos fumígenos, o
local oferecer outros serviços, como a venda de bebidas
e alimentos, fumar dentro desses recintos também é
proibido.
Já no Rio de Janeiro, as casas
especializadas podem vender outros produtos, mas devem
comprovar que mais de 50% do lucro vem da venda de
cigarros e tabacos. A intenção é evitar que bares se
disfarcem de tabacarias para permitir que os
consumidores continuem fumando. Em Minas, o projeto não
prevê restrições a esses
estabelecimentos.
Segundo o presidente da unidade
brasileira da Associação Mundial Antitabagismo (Amata),
Silvio Tonietto, a indústria do tabaco é criativa o
suficiente para aproveitar as brechas e se enquadrar no
que a lei permite. Ele cita o exemplo das propagandas de
cigarros. "Elas foram banidas da televisão, mas todo o
investimento em publicidade é aplicado nos pontos de
venda. Se o objetivo era diminuir a exposição do
produto, eles continuam a marcar presença em todo
lugar."
Para Tonietto, a migração de bares e
restaurantes para burlar a lei pode ocorrer, mas ele
acredita que a fiscalização deve impedir.
Para o
presidente da seção Minas da Associação Brasileira de
Bares e Restaurantes, Paulo Nonaka, a associação vai
aguardar a aprovação da lei para saber quais
posicionamentos vai tomar, mas já critica a
possibilidade de encontrar brechas na lei. "Orientamos
nossos associados que não fiquem criando artifícios para
burlar a lei",
alertou.
Discussão
Tabacarias.
O deputado Alencar Silveira Júnior (PDT) informou que o
assunto será discutido na Comissão de Saúde da ALMG
antes de entrar em votação em segundo turno, prevista
para a próxima semana.
De antemão
Boates já se preparam para
regras
Já prevendo que a restrição do cigarro
em ambientes fechados deva diminuir a arrecadação nos
estabelecimentos, proprietários de casas noturnas já se
preparam para se adaptar à nova regra. Para Cláudio
Velloso, dono de dois estabelecimentos do gênero na
capital, a lei pode reduzir o número de clientes no
começo, mas depois o movimento deve voltar ao normal.
Segundo ele, as casas têm condições de oferecer
ambientes separados por barreira física, conforme prevê
a lei aprovada em primeiro turno nesta semana. “Assim
que entrar em vigor, estaremos preparados.” Sobre a
possibilidade de aproveitar as brechas da lei, Velloso
critica. “Lei é lei e temos que cumprir.”
(TL)
Publicado em:
14/08/2009