ALIANÇA POR UM MUNDO SEM TABACO

 

Boletim 06 de março de 2007.

 

DESTAQUE

Condolências e de Homenagem a Dom Ivo Lorscheiter

 

Através deste comunicado manifestamos nossas condolências pelo falecimento do Bispo Emérito da Diocese de Santa Maria do Sul/Rio Grande do Sul, Dom Ivo Lorscheiter, falecido aos 79 anos, após dedicação de 41 anos como bispo, totalizando 55 anos de atividades eclesiásticas (para conhecer a bibliografia de Dom Ivo acesse www.diocesesantamaria.org.br).

 

Reconhecido nacionalmente e internacionalmente pelos seus princípios morais e éticos norteados sempre para dignificar a vida humana, tinha uma trajetória de luta incansável pela justiça social através da universalidade da igreja, da política, do social e da economia, como pontos fundamentais para elevar a melhoria de vida dos excluídos do sistema sócio-econômico. Defensor da Cáritas Brasileira, fundou o Banco da Esperança há 30 anos e o Projeto Esperança e Cooesperança há 20 anos.

 

Prestamos também nossas homenagens pela sua posição firme e empreendedora com a qual se destacou como pioneiro no Rio Grande do Sul a modificar os paradigmas da cultura do tabaco, disseminando a todos os trabalhadores rurais e seus familiares os efeitos nocivos advindos da fumicultura e sobre a importância de estabelecer culturas alternativas a este plantio. Idealizador dos Seminários de Culturas a Alternativas a Cultura do Tabaco, há 17 anos, conseguiu estabelecer o conceito de economia solidária e a comercialização direta.

 

Dom Ivo foi o precursor de todo Projeto Esperança-Cooesperança voltado para as alternativas de cultura do tabaco, quando ainda não existia a Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco. Hoje o Brasil tem um acordo de defesa e proteção aos fumicultores e um Programa Nacional de Alternativas a Cultura do Tabaco muito espelhado na visão profética e mística de um homem que lutou ate o final pelo bem de toda uma sociedade.

 

Equipe da Aliança Por um Mundo sem Tabaco

 

NOTÍCIAS BRASIL

Ministros da Saúde e da Agricultura do Brasil participam da reunião de estudos sobre alternativas ao cultivo do tabaco

Biodiesel apontado como uma alternativa ao fumo

ITGA avalia ações para o setor fumageiro

Uma idéia e tanto

Saúde modifica a transferência de recursos a estados, municípios e Distrito Federal

A bancada do tabaco

 

MURAL DO LEITOR

Leia aqui as mensagens enviadas pelos nossos leitores

 

ARTIGOS

Advertências em texto e imagem nos maços de cigarros

Estudos populacionais apontam evidências de uma forte queda nas taxas de prevalência de fumantes no Brasil (1989-2003)

Brasil: caixas metálicas de cigarros como estratégia de marketing

 

CURSOS E EVENTOS

II Jornada Interdisciplinar de tabagismo Prof. Jose Rosemberg

I Congresso Latino Americano da SRNT & II Conferência Ibero-Americana sobre Controle do Tabaco

 

 

 

 

 

 

 

 

 


NOTÍCIAS BRASIL

Ministros da Saúde e da Agricultura do Brasil participam da reunião de estudos sobre alternativas ao cultivo do tabaco.

Fonte: www.opas.org.br

Data: 27/02/07

 

A reunião foi aberta pelo o Representante da OPAS/OMS no Brasil Diego Victoria. Victoria afirmou que temas como os da produção do tabaco são difíceis de tocar porque lidam diretamente com aspectos econômicos. – “Eles são difíceis mais não impossíveis de tratar e de trocar”.

 

O ministro da agricultura Luis Carlos Guedes lembrou que somente no Brasil há 500 mil trabalhadores dedicados ao cultivo do fumo. A maioria trabalha em pequenas propriedades de no máximo 2 hectares que fazem com que o Brasil seja o maior exportador e o segundo maior produtor de tabaco do mundo. Por cada hectare, o trabalhador que planta tabaco ganha sete vezes mais do que se plantasse milho ou feijão. Segundo ele há um grande esforço do país em pesquisas para a busca de alternativas; uma delas seria integrar esses trabalhadores a cadeia de produção do biodiesel.

 

O ministro da saúde, José Agenor disse que o país tem compromisso com a economia, mas sobre tudo com a saúde e que precisamos ser criativos em relação à busca de alternativas para as 200 famílias que dependem do cultivo do tabaco no país. Talvez um imposto atrelado a essa produção, sugeriu. O Ministro enfatizou que a convenção-quadro do tabaco é o acontecimento mais importante da saúde pública para o país nos últimos anos e chegou a comparar a iniciativa aos programas ampliados de vacinação e ao de transplantes.

 

O secretario coordenador da Convenção-Quadro para Controle do Tabaco, Douglas Bettcher, da OMS afirmou que embora estudos da OMS, FAO e do Banco Mundial demonstrem que a reestruturação da economia do tabaco leve décadas para ocorrer, é importante que desde já busquemos alternativas que possam ter suas aplicações testadas e comprovadas.

 

Um dia antes do inicio desta reunião uma audiência publica internacional foi aberta para que diversos grupos interessados pudessem apresentar sugestões e pareceres sobre o assunto. 40 propostas foram apresentadas na audiência transmitida em real time pela Internet e serão discutidas na reunião de hoje e de amanhã.

 

 

 

 

 


Biodiesel apontado como uma alternativa ao fumo

Fonte: www.inca.gov.br

Data: 02/03/07

 

Representantes de diversos países estiveram reunidos na sede da OPAS, Organização Pan-Americana de Saúde no Brasil, em Brasília, para discutir alternativas para o plantio do tabaco. A produção de biodiesel foi apontada pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Luís Carlos Guedes Pinto, como uma possível alternativa para o cultivo do fumo no Brasil. O evento, que se estenderá até 28 de fevereiro, é parte importante do processo de implantação da Convenção Quadro para o Controle do Tabaco, primeiro tratado internacional de saúde pública que pretende frear a epidemia do tabagismo no mundo.

 

Estiveram presentes no evento o representante da OPAS no Brasil, Diego Victória; o ministro da Saúde, Agenor Álvares; a ministra Mariângela Rebuá, chefe da Divisão de Temas Sociais do Ministério das Relações Exteriores; o secretário da Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Adoniram Sanches; o secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, José Gomes Temporão, e o diretor geral do Instituto Nacional de Câncer, Luiz Antonio Santini, além do ministro da Agricultura.

 

Luís Carlos Guedes Pinto, ministro da Agricultura, comentou que não há dúvidas sobre a necessidade de se controlar o tabagismo, mas falou também que é preciso dar alternativas para as 200 mil famílias que sobrevivem da produção do fumo. “No Brasil, a produção de tabaco chega a 800 mil toneladas todos os anos, sete vezes maior que a de milho e de feijão. O biodiesel pode ser uma alternativa inovadora para esses produtores”, disse o ministro.

 

A dificuldade de lidar com uma atividade econômica que envolve tantos recursos e pessoas foi lembrada por Diego Victória, representante da OPAS no Brasil. “Esse é um tema difícil, mas não impossível de ser tocado e trocado. O controle do tabagismo tem conseguido ampla reposta internacional, o que trará a diminuição do consumo”, afirmou Diego.

 

Adoniram Sanches, secretário da Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário, falou sobre a importância do trabalho do Programa Nacional de Controle do Tabagismo, que conseguiu reduzir a prevalência de fumantes em 40% nos últimos 15 anos. “Exemplos como o do Brasil, Canadá e Inglaterra devem ser seguidos em escala mundial, o que deve inevitavelmente diminuir a busca por tabaco. O Brasil já está se preparando para a retração no mercado”, comentou o secretário. Segundo Adoniram, somente nos últimos oito meses foram investidos mais de U$ 5 milhões em pesquisas para busca de alternativas à produção do fumo.

 

A ministra Mariângela Rebuá, chefe da Divisão de Temas Sociais do Ministério das Relações Exteriores, lembrou da grande rapidez e amplitude da adesão dos países à Convenção Quadro para o Controle do Tabaco. “Esse sucesso deve-se às enormes conseqüências sociais relacionadas ao tabagismo. É preciso encarar toda a questão com políticas públicas responsáveis. Acredito que o Brasil, um país ousado e inovador, é capaz de pensar em boas propostas de alternativas à produção do tabaco”, afirmou a ministra.

 

O apoio do Congresso Nacional nas questões legislativas relacionadas ao controle do tabagismo foi lembrado por Agenor Álvares, ministro da Saúde. “É imprescindível termos o respaldo legal para ações relacionadas à questão do fumo. A ratificação da Convenção Quadro para o Controle do Tabaco pelo Brasil representa uma grande vitória. Essa é a Convenção mais importante da história da saúde pública”, disse o ministro. Agenor Álvares ainda comparou o sucesso do Programa Nacional de Controle do Tabagismo ao êxito Programa Nacional de Transplantes e do Programa Nacional de Imunização.

 

Luiz Antonio Santini, diretor geral do INCA, lembrou da magnitude do problema do tabagismo, que mata anualmente quase 5 milhões de pessoas em todo mundo, sendo 200 mil dessas mortes no Brasil. Hoje, 18,8% da população brasileira com mais de 15 anos é fumante. “O tabagismo está associado ao surgimento de mais de 50 doenças. Somente em relação ao câncer, 90% dos casos de câncer de pulmão e 30% das mortes decorrentes de outros tipos de câncer estão ligadas ao fumo”, afirmou Santini.

 

 

 

 

 


ITGA avalia ações para o setor fumageiro

Fonte: Gazeta do Sul – Santa Cruz do Sul/RS

Data: 03/03/07

 

Ações voltadas ao controle do tabagismo propostas pela OMS foram criticadas pelos dirigentes durante reunião ocorrida em Santa Cruz

 

A situação da fumicultura em nível mundial e as medidas antitabagistas propostas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) foram avaliadas nesta sexta-feira em Santa Cruz do Sul pela Associação Internacional de Produtores de Tabaco (ITGA). Representantes do Brasil, Argentina e República Dominicana participaram do encontro.


A reunião da OMS, realizada em Brasília entre quarta e quinta-feira, foi um dos temas abordados pelos dirigentes. Durante o evento, o ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, falou sobre a produção de biodiesel como alternativa para ajudar as famílias produtoras de tabaco. Membros da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) ressaltaram a necessidade de reduzir o consumo de cigarros para evitar problemas de saúde e também avaliaram alternativas agrícolas que possam ser implantadas nas regiões fumageiras.


Os integrantes da ITGA apontaram que essas propostas podem ser prejudiciais para o setor fumageiro em todo o mundo. “Há tentativas muito radicais de não apenas limitar a produção do fumo, mas também de prejudicar a imagem pública de um setor que historicamente produz relevantes benefícios sociais e econômicos”, disse o diretor-executivo da ITGA, Antônio Abrunhosa. Ele também cobrou projetos específicos para ajudar os produtores. “Mesmo assim, os autores destas manifestações não apresentam alternativas viáveis e significativas para o produtor, causando preocupação quanto ao que pode vir a acontecer”, completou ele durante a reunião latino-americana.


Quanto ao cerco ao tabaco, Abrunhosa o atribui aos países desenvolvidos que, para ele, desejam transferir o ônus às nações emergentes. “Segundo um estudo da OMS, na Índia as pessoas morrem, em média, aos 69 anos por problemas decorrentes do fumo; se assim fosse, os indianos estariam felizes pois lá se morre muito antes por conseqüência da fome e dos sérios problemas econômicos”, avaliou.


O diretor-executivo falou também da participação do fumo na economia. “O que está claro é o importantíssimo papel do tabaco no desenvolvimento socioeconômico das nações produtoras, como se comprova na região Sul do Brasil. Por isso a importância da cultura não pode ser transformada num passe de mágica em algo completamente negativo e passível de rápida substituição”, ressaltou.

 

 

 

 

 


Uma idéia e tanto

Fonte: Correio Braziliense – 360 graus – Jane Godoy

Data: 12/02/07

 

Ao longo dos anos, temos visto centenas de campanhas antitabagistas organizadas por vários segmentos da sociedade, governo, empresas, emissoras de tevê e rádio e jornais. Trazem alertas sobre os múltiplos riscos à saúde de quem é usuário e até mesmo do fumante passivo, punido por estar ao lado de usuários de cigarro, considerado uma droga como outra qualquer. Em Brasília, com o apoio das secretarias de Cultura e da Saúde, a produtora cultural Elizabeth Cupertino, do projeto Comédia em cena 2007 – 5 chances de curtir suas férias, apresenta a 1ª Campanha Arte sem Cigarro do Distrito Federal.

 

Farto material informativo e exposição de cartazes com alerta sobre os males causados pelo fumo estão no foyer do Teatro Nacional. Atores e produtores das cinco peças encenadas neste mês aderiram à campanha: A noite da separação (de 2 a 4 de fevereiro), As mentiras que os homens contam (de 6 a 8, na Villa- Lobos), Pretas por ter (de 6 a 8, na Martins Pena), Cada sujeito com seu jeito (no sábado e ontem) e Neversário do Nerso, que será apresentada de 23 a 25 próximos, na Villa-Lobos. Em cada peça, os primeiros 50 fumantes que entregar as carteiras de cigarro receberão ingressos para o espetáculo.

 

Na terça-feira, no foyer da Villa-Lobos, houve a abertura oficial da campanha, com a presença do secretário de Saúde, José Geraldo Maciel; da primeira-dama do DF, Marianne Vicenthini (que recebeu troféu comemorativo); do presidente da Associação Médica de Brasília, Lairson Vilar Rabelo; dos organizadores e de toda a equipe de prevenção, além dos atores das peças Pretas por ter e As mentiras que os homens contam. Os padrinhos e madrinhas da campanha receberam um diploma comemorativo, do qual fui também merecedora, o que muito me honrou.

 

Ao chegar para uma das sessões, Sônia Batista entregou a carteira de cigarros e recebeu do secretário de Saúde o ingresso para uma das peças. Prova de que a cultura, com criatividade e empenho, faz muito bem à saúde de todos. Bela iniciativa!

 

 

 

 

 


Saúde modifica a transferência de recursos a estados, municípios e Distrito Federal

Fonte: Assessoria de Imprensa do MS

Data: 02 de fevereiro de 2007

 

O ministro da Saúde, Agenor Álvares, assinou, nessa semana, portaria ministerial que muda a forma de repasse de recursos federais para assistência à saúde a estados, Distrito Federal e municípios. A partir de março, as transferências de recursos entre o Fundo Nacional de Saúde e os fundos estaduais e municipais de saúde serão feitas em cinco blocos de financiamento, conforme o Pacto pela Saúde, instituído em janeiro de 2006 pelos três entres federados.


O Pacto pela Saúde estabeleceu, em seu conteúdo, três componentes que promovem transformações e fortalecem o Sistema Único de Saúde - SUS. São eles: o Pacto pela Vida, o Pacto em Defesa do SUS e o Pacto de Gestão do SUS. E é o Pacto de Gestão do SUS que estabelece a nova forma de transferência de recursos, além de definir as responsabilidades sanitárias de cada ente federado (União, estados e municípios), contribuindo para fortalecer a gestão compartilhada e solidária do Sistema Único de Saúde.


Os blocos são os seguintes:

 

1)      Atenção Básica, composto por:

- Piso da Atenção Básica Fixo - PAB Fixo;

- Piso da Atenção Básica Variável - PAB Variável;

2) Atenção de Média e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar, composto por:

- Limite Financeiro da Média e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar – MAC

- Fundo de Ações Estratégicas e Compensação - FAEC;

3) Vigilância em Saúde, composto por:

- Vigilância Epidemiológica e Ambiental em Saúde

- Vigilância Sanitária

4) Assistência Farmacêutica, composto por:

- Básico da Assistência Farmacêutica;

- Estratégico da Assistência Farmacêutica;

- Medicamentos de Dispensação Excepcional

5) Gestão do SUS, composto por:

- Qualificação da Gestão do SUS

- Implantação de Ações e Serviços de Saúde

 

Com a nova modalidade de transferência de recursos, os gestores de saúde terão maior autonomia na aplicação de recursos, a partir do plano de saúde estabelecido e aprovado pelo conselho municipal ou estadual. Isso significa, por exemplo, que dentro do bloco de recursos de Atenção Básica, o gestor terá autonomia para destinar recursos para as ações estabelecidas de acordo com a necessidade local.


A novidade também fica a cargo do bloco Gestão do SUS, que contribui com o processo de qualificação de gestão ampliando a capacidade de resposta do sistema de saúde às necessidades da população. Ele foi criado para proporcionar condições ao gestor de elaborar políticas e ações estratégicas. Para receber recursos por meio do bloco de Gestão do SUS, o município e o estado devem aderir ao Pacto pela Saúde e assinar o Termo de Compromisso de Gestão (TCG).

 

O Termo de Compromisso de gestão estabelece as metas e compromissos sanitários prioritários pactuados pelos gestores do SUS, que englobam a redução da mortalidade infantil e materna, o controle das doenças emergentes e endemias, como dengue e hanseníase, e a redução da mortalidade por câncer de colo de útero e da mama. Outras metas estabelecidas visam à implantação da política nacional de saúde do idoso, à elaboração e implantação de uma política nacional de promoção da saúde e ao fortalecimento da atenção básica à saúde, tendo como principal mecanismo a estratégia de saúde da família (PSF).

 

 

 

 

 


A bancada do tabaco

Fonte: Correio Braziliense

Data: 12/02/07

 

Deputados que receberam dinheiro do setor do cigarro na campanha eleitoral irão votar novas restrições ao fumo. Doações aumentaram 577%.


Solano Nascimento


Dentro do grupo de 513 deputados federais que na semana passada iniciaram os trabalhos da atual legislatura, estreou uma bancada que teve parte da campanha paga pelo setor do tabaco. Empresas de beneficiamento de fumo e fabricantes de cigarros septuplicaram o volume destinado a financiamento eleitoral e ajudaram a eleger parlamentares de seis estados. Eles estarão exercendo seus mandatos, votando e apresentando projetos, quando serão travadas no Congresso algumas batalhas próximas que colocarão de um lado médicos e autoridades da área de saúde e, de outro, plantadores de fumo e indústrias de cigarro.


No total, o setor aplicou R$ 1,7 milhão em campanhas de candidatos a deputado e a governador nas últimas eleições. Desse volume, R$ 674,1 mil foram somente para 13 parlamentares eleitos para a Câmara. Se comparado a doações de outros segmentos, como o de empreiteiras, esse valor não é tão alto. No entanto, para um setor que não é fornecedor de órgãos de governo nem tem tradição de envolvimento em disputas eleitorais, o volume é grande.


Em 2002, beneficiadores de fumo e fabricantes de cigarro destinaram R$ 255 mil para todas as campanhas que auxiliaram, dos quais R$ 97 mil foram para cinco deputados federais eleitos. Assim, o aumento das doações de uma eleição para outra foi de 577% no volume total e de 512% no auxílio específico para deputados federais eleitos.


Em silêncio

No ano passado, o setor sofreu uma grande derrota no Congresso. Foi ratificada a adesão do Brasil à Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e o país se comprometeu a adotar novas medidas de combate ao cigarro. Em compensação, no dia 31 de janeiro, no encerramento da legislatura, houve uma vitória silenciosa: foi arquivado na Câmara, sem passar pelo plenário, o projeto de 2000 que obrigava as indústrias fumageiras a reembolsarem o Sistema Único de Saúde (SUS) pelos gastos com doenças resultantes do cigarro.

Apresentada aos números que mostram o aumento no volume de doações para campanhas, Tânia Cavalcante, chefe da Divisão de Controle do Tabagismo do Instituto Nacional do Câncer (Inca), órgão do Ministério da Saúde, não titubeia. Para ela, beneficiadores e fabricantes estão se precavendo. "Está havendo uma tentativa de preparar o Congresso para os futuros embates", diz. O país já tem uma legislação antitabaco avançada, mas novas medidas deverão ser tomadas a partir da ratificação da convenção.


Girassóis
Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que as empresas do setor que mais doaram para campanhas em 2006 foram as beneficiadoras de fumo Alliance One (R$ 555 mil) e CTA - Continental Tobaccos Alliance (R$ 298,6 mil), ambas instaladas no Rio Grande do Sul, e a fabricante de cigarros Sudamax (R$ 522,5 mil), de São Paulo. Outras sete empresas do setor fizeram doações menores. Allan Kardec Nunes Bichinho, presidente da CTA, reclama de uma "perseguição" aos fumantes no país e deseja que os parlamentares beneficiados por doações sejam equilibrados. "Esperamos que eles vejam todos os lados da questão", afirma. "Enquanto houver tanta gente querendo fumar, vamos produzir; na hora em que diminuir, vamos reduzir a produção e plantar girassol."


A Alliance One informou em nota que as doações foram realizadas "no sentido de estimular a defesa de idéias", e a Sudamax preferiu não se manifestar. "O setor se organizou para apoiar congressistas que se identifiquem ideologicamente com as nossas causas", confirma José Henrique Nunes Barreto, presidente do Sindicato da Indústria do Fumo do Estado de São Paulo.

 

Os números das doações não são os únicos fortes no enfrentamento ao redor do tabaco. Defensores do plantio e consumo argumentam que só entre agricultores gaúchos há cerca de 90 mil famílias sobrevivendo graças ao cultivo do fumo, e outros milhares de pessoas trabalham fabricando cigarros e em empregos indiretos. Quem se opõe ao consumo cita estimativas que apontam estarem por trás da fumaça do cigarro 90% de todas as mortes por câncer de pulmão e ser o tabaco responsável por 200 mil óbitos de brasileiros a cada ano. Entre cifras como essas irão legislar os congressistas.

E eles nem fumam

Um trauma de infância afastou Luis Carlos Heinze (PP-RS) do vício de fumar. "Quando era criança, tomei um porre de cigarro, vomitei e tossi", lembrao deputado eleito com maior volume de doação do setor tabagista. Dados do TSE mostram que a campanha do parlamentar custou R$ 994 mil, dos quais R$ 120 mil (12%) foram doações de beneficiadores de fumo.


Na Câmara, ele apresentou um projeto que autoriza o cultivo do produto em todo o país. Foi um substitutivo para a proposta de um colega que dava permissão para plantio em estados da Região Sul, na tentativa de se precaver para uma possível investida de autoridades interessadas em restringir a área de produção de fumo. Heinze diz não haver relação entre a proposta apresentada e a contribuição do setor tabagista para sua campanha. Afirma defender agricultores e conta que em sua cidade, Candelária, famílias com três hectares conseguem uma vida decente plantando fumo.

Dos 13 deputados que receberam recursos do setor do tabaco, cinco são do Rio Grande do Sul, estado que mais cultiva e beneficia fumo no país. Em algumas situações, as doações do segmento do tabaco não são muito representativas nas campanhas dos parlamentares eleitos. Em outras, os valores tiveram peso maior. Quase 20% da campanha de Efraim Filho (PFL-PB) e José Otávio Germano (PP-RS) saíram do setor. "Minha vinculação é forte pela região de minha atuação política", diz José Otávio, que é contra a Convenção-Quadro, a favor dos empregos gerados pelo tabaco e também não fuma.


Susto
É quase uma regra entre os beneficiados pelo dinheiro do setor. "Sou médico, não fumo e não tenho vinculação com empresas de tabaco", diz Vacarezza (PT-SP). "Não fumo e sou contra o tabagismo", garante Abelardo Camarinha (PSB-SP). Ambos afirmam ter recebido a doação de empresas de amigos.


"Não recebi ajuda de empresários", disse na semana passada Nice Lobão (PFL-MA). "Não conheço nenhuma tabacaria." No dia seguinte, depois de ver o documento do TSE que mostra a doação de R$ 50 mil, a assessoria da deputada informou que ela desconhecia se tratar de uma empresa do setor de tabaco. A doadora aparece nas contas de campanha com o nome completo: Sudamax Indústria e Comércio de Cigarros.


Arnaldo Madeira (PSDB-SP), ferrenho antitabagista que nos tempos de vereador conseguiu aprovar uma lei pioneira para separar áreas de fumantes em restaurantes, conta ter recebido uma promessa da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) de uma doação. Só na hora de fazer o recibo descobriu que a empresa escalada era a Sudamax. "Levei um susto", diz. Como tucanos não rasgam dinheiro, a doação foi aceita. (sn)


Quem Recebeu

13 deputados federais eleitos tiveram parte de suas campanhas financiadas por empresas do setor de produção de cigarros:
Luis Carlos Henze (PP/RS) - 120 mil

José Otávio Germano (PP/RS) - 113,6 mil

Sérgio Moraes (PTB/RS) - 72,5 mil

Vaccarezza (PT/SP) - 60 mil

Nice Lobão (PFL/MA) - 50 mil

Olavo Calheiros (PMDB/AL) - 50 mil

Efraim Filho (PFL/PB) - 50 mil

Mendes Ribeiro Filho (PMDB/RS) - 45 mil

Abelardo Camarinha (PSB/SP) - 35 mil

Jorge Tadeu Mudalen (PFL/SP) - 25 mil

Arnaldo Madeira (PSDB/SP) - 25 mil

Afonso Hamm (PP/RS) - 23 mil

Fernando Diniz (PMDB/MG) - 5 mil

 

 

 

 


MURAL DO LEITOR

Leia aqui as mensagens enviadas pelos nossos leitores

 

Gostaria de agradecer pela transmissão na internet da Audiência Pública sobre alternativas agrícolas à produção de fumo. Parabéns pelo ótimo trabalho de preparação dessa reunião e pela oportunidade de participarmos desta. Laura Salgado – Ação para Promoção de Ambientes Livres de Tabaco (APALTA) - Honduras

 

 

 

 


ARTIGOS

Advertências em texto e imagem nos maços de cigarros

 

Achados do Estudo Internacional de Controle do Tabaco em Quatro Países

David Hammond, PhD, Geoffrey T. Fong, PhD, Ron Borland, PhD, K. Michael Cummings, PhD, Ann McNeill, PhD. Pete Driezen, MSc

 

Experiência: As advertências de saúde nos maços de cigarros fornecem aos fumantes acesso universal a informação sobre os riscos do tabagismo. No entanto, as advertências variam consideravelmente entre os países, variando de gráficos representando as doenças nos maços Canadenses à textos obscuros de advertência nos Estados Unidos. Este estudo examinou a eficácia das advertências de saúde nos maços de cigarros de quatro países.

 

Métodos: Desenho quase-experimental. Uma pesquisa por telefone foi conduzida com uma quantidade representativa de adultos fumantes (n= 14.975): Canadá (n= 3.687), Estados Unidos (n= 4.273), Reino Unido (n= 3.634), e Austrália (n= 3.381). Pesquisas foram conduzidas entre 2002 e 2005, antes e em três momentos seguintes a implementação de novas advertências nos maços no Reino Unido.

 

Resultados: Em uma primeira análise, os fumantes Canadenses reportaram o mais alto nível de consciência e impacto das advertências de saúde entre os quatro países, seguidos pelos fumantes Australianos. Seguindo a implementação das novas advertências do Reino Unido em uma segunda análise, os fumantes do Reino Unido reportaram níveis maiores de consciência e impacto, embora os fumantes Canadenses continuem a reportar níveis mais altos de impacto depois do ajuste da data de implementação. Os Americanos fumantes reportaram o mais baixo nível de eficácia por quase toda medição registrada em cada etapa da pesquisa.

 

Conclusões: Em geral, advertências abrangentes nos maços de cigarros são mais prováveis de serem notadas e consideradas como eficazes pelos fumantes. Modificações nas advertências de saúde são também associadas com aumentos de eficácia. Advertências de saúde nos maços Americanos, cuja última atualização ocorreu em 1984, foram associadas com a menor eficácia.

 

(Am J Prev Méd 2007;32(3):202-209)  2007 American Journal of Preventive Medicine)

 

 

 

 

 


Estudos populacionais apontam evidências de uma forte queda nas taxas de prevalência de fumantes no Brasil (1989-2003)

 

Estimados colegas do (excelente) boletim "Por um mundo sem tabaco", temos o prazer de informar a vocês sobre artigo aceito para publicação na revista da Organização Mundial de Saúde (o WHO Bulletin) que documenta o impressionante declínio da prevalência de fumantes no Brasil entre 1989 (quando começa o programa brasileiro de controle do tabagismo coordenado pelo INCA/MS) e 2003. Abaixo vocês encontrarão um resumo de 100 palavras que será usado pelo boletim no press release do artigo (em inglês e traduzido livremente, por nós, para o português). O pdf do artigo pode ser encontrado no link:  http://www.fsp.usp.br/nupens/smokers.pdf - Professor Carlos A. Monteiro – Escola de Saúde Pública da Universidade de São Paulo

 

Este artigo traz uma rigorosa análise populacional da evolução da prevalência de fumantes no Brasil de 1989, ano da implantação do programa brasileiro de controle do tabagismo, a 2003. Esta análise documenta uma das mais bem sucedidas experiências de redução do consumo de tabaco em países em desenvolvimento, possivelmente a mais bem sucedida. Alem disso, o estudo demonstra que o Brasil tem conseguido reduzir significativamente o consumo de cigarros também pelos jovens, sucesso que não tem sido relatado em muitos países. Uma forte ênfase na prevenção do início precoce do consumo de cigarros, restrições quanto a fumar em ambientes públicos e a proibição radical da propaganda de cigarros são importantes componentes do programa brasileiro de controle do tabagismo.

 

 

 

 

 


Brasil: caixas metálicas de cigarros como estratégia de marketing

Letícia Casado, Instituto Nacional de Câncer, Ministério da Saúde

 

A legislação brasileira limita a propaganda dos produtos derivados do tabaco aos pontos de venda. No entanto, a indústria do tabaco está sempre arquitetando novas estratégias de marketing para manter e aumentar sua parcela de mercado e vendas. Umas das últimas estratégias da Philip Morris foi utilizada recentemente no Rio de Janeiro, Brasil. Para estimular as vendas do Pall Mall azul (marca com os maiores teores de alcatrão medidos em máquina de fumar), a empresa lançou uma embalagem metálica "de colecionador" para o transporte do maço. Enquanto o maço de Pall Mall é vendido por R$ 2,25 (aproximadamente US$ 1,05), por mais R$ 2,25, o consumidor pode comprar a caixa metálica. A parte externa da caixa é ornamentada com placas de carro de várias cidades do mundo, bem como a inscrição "Imagine-se Pall Mall". http://tc.bmj.com/cgi/content/extract/16/1/5

 

 

 

 


CURSOS E EVENTOS

II Jornada Interdisciplinar de tabagismo Prof. Jose Rosemberg

 

Núcleo de estudos e tratamento do tabagismo

2007: 29º Ano do HU – 5º Ano do NETT

 

TEMA: Tabaco, genética e COMPORTAMENTO.

Objetivo: Promover integração e intercâmbio entre os profissionais que atuam em programas de prevenção, pesquisa e assistência à cessação do tabagismo na UFRJ e em outras unidades de saúde no Estado e Cidade do Rio de Janeiro.

Público Alvo: Profissionais de saúde e alunos de graduação e de pós-graduação. 

Período: Dia: 23/03/2007 - Horário: 08h30min às 12h30min

Local: Auditório Alice Rosa – 12º Andar – CAE - HUCFF / UFRJ

Inscrição: E-mail:  nett@hucff.ufrj.br            Fone: 2562-2195              Fax: 2562-2633

Taxa: Livre (Gratuita) - Vagas Limitadas.

Certificado de Participação: será conferido aos participantes.

Programação:

            8:30 - 8:50: Abertura: Prof. Alexandre Pinto Cardoso – (Diretor do HUCFF),                                                  Prof. Gilvan Muzy (Diretor do IDT),  Profa. Cássia Turci (Diretora do IQ-UFRJ), Prof. Antônio José Ledo da Cunha (Diretor da FM-UFRJ).

8:50 - 9:50: Conferência: Neurobiologia da Adição: Dra. Analice Gigliotti (Sta. Casa Misericórdia - RJ).

9:50 - 10:00: Coffee-break

10:00 – 12:00: Mesa: Genética, Tabaco e Comportamento.

Tabaco: o que há de novo, perspectivas terapêuticas: Dr. Alberto Araujo (NETT).

Polimorfismo da MOA-A e a cessação do tabagismo: Prof. Joab Filho (IQ-UFRJ)

DEPENDÊNCIA: Aspectos psiquiátricos: Dr. Nelson Caldas (NETT/Psic. Médica – HU).

12:00-12:30: Debatedores: Prof. Carlos Alberto Barros Franco (PUC – RJ), Prof. Marco Antônio Brasil (Psicologia Médica – HU)

 

Realização: NETT / Apoio: Instituto Doenças do Tórax, HUCFF, Instituto de Química - UFRJ.

 

 

 

 

 


I Congresso Latino Americano da SRNT & II Conferência Ibero-Americana sobre Controle do Tabaco

 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


CRÉDITOS

BOLETIM ELETRÔNICO - ALIANÇA POR UM MUNDO SEM TABACO

 

Publicação eletrônica semanal do Instituto Nacional de Câncer.

 

Este Boletim contém notas sobre notícias e artigos publicados na imprensa brasileira sobre controle do tabagismo. As opiniões aqui contidas não representam o posicionamento do Instituto Nacional de Câncer sobre esses temas.

 

Produção: Divisão de Controle do Tabagismo e Outros Fatores de Risco/ Coordenação de Prevenção e Vigilância /

Instituto Nacional de Câncer

 

Equipe do Boletim POR UM MUNDO SEM TABACO:

Coordenadora Editorial: Cristina Perez

Assistente Editorial: Felipe Mendes

Conselho Editorial: Tânia Cavalcante, Cristiane Vianna, Marcus Valério, Felipe Mendes e  Érica Cavalcanti.

 

Comentários: porummundosemtabaco@inca.gov.br

 

Caso você não queira continuar recebendo o Boletim, envie e-mail para, indicando na linha de assunto: EXCLUIR.