Publicada em 15-09-2007

Professora é mantida refém por 3 horas

Patrícia Lisboa / Agência Anhangüera

A professora M.M., de 29 anos, foi mantida refém por um casal de assaltantes, na própria casa, na Rua Amazonas, no bairro Cidade Nova 2, em Indaiatuba, na madrugada deste sábado. Após cerca de três horas de negociação, os bandidos se entregaram à polícia. Eles exigiram a presença de uma emissora de TV e de um advogado para garantir a integridade física deles. Foram presos em flagrante Jaqueline Sonagere, de 28 anos, e José Carlos Queiróz Silva, de 23 anos. Eles estavam armados com uma pistola 635 e um tiro chegou a ser disparado por Silva dentro da casa. "Ele atirou e disse que era para me mostrar que realmente estava armado", contou a vítima. Segundo o marido dela, o empresário C.M.S., de 32 anos, o tirou acertou uma cadeira.

M. M. voltava da casa da sua mãe por volta das 23h de sexta-feira, mesmo horário em que o marido costuma chegar da faculdade e, quando abria o portão da casa, foi abordada pelo assaltante, que colocou uma arma na cabeça dela. "Com o susto, eu gritei. Então, ele me colocou no chão e disse para eu ficar calma. Depois, pegou a chave do meu carro e jogou para a moça. Os dois entraram no carro e me levaram junto. A moça teve dificuldade para dirigir. Logo na esquina, o rapaz decidiu voltar para assaltar a minha casa também", contou a professora. "Eu e a moça ficamos no carro. Ela ficou com a arma apontada para minha cabeça o tempo todo. Quando meu marido chegou, ela entrou comigo em casa, acho que foi porque o comparsa dela estava desarmado lá dentro", relatou a vítima.

O marido da professora disse que percebeu algo estranho assim que viu uma pessoa desconhecida com a esposa dele dentro do carro. "Entrei na garagem e as duas se aproximaram. Vi que a moça tinha alguma coisa na mão, mas ela deixou cair. Eu joguei o carro duas vezes em cima dela e tentei agarrá-la pelo pescoço da janela do carro. Só que, quando percebi pelo barulho que tinha mais gente em casa, resolvi sair para pedir ajuda. Estava desesperado, queria encontrar uma viatura da polícia. Se eu não saísse de casa, poderia ficar refém também e ninguém saberia da presença dos bandidos", explicou o empresário. Ele disse que ligou para a Polícia Militar pelo 190.

Cerca de 20 policiais da Força Tática da Polícia Militar de Indaiatuba foram mobilizados. Os bandidos usaram o telefone fixo da casa para negociar a rendição. Para atender as exigências dos assaltantes, o cinegrafista de uma TV, de Indaiatuba, filmou toda a negociação e um advogado também foi chamado pela família da vítima e colocado à disposição dos assaltantes. "Eles queriam a garantia de que não iriam apanhar da polícia", disse a professora. "Durante todo o tempo, o rapaz, que estava mais nervoso que a moça, dizia que, se a polícia entrasse na casa, iria estourar a minha cabeça", revelou. "Eu não queria que eles conseguissem fugir, então, escondi a chave do meu carro dentro da minha calça", acrescentou.

Segundo a professora, após o cerco policial, o casal de assaltantes chegou a discutir. Jaqueline teria culpado Silva pelo fato de terem sido encurralados pela polícia. "Ela dizia que ele tinha mudado os planos e que para ela eles não tinham de ter entrado na casa, ela só estava interessada no carro para buscar os filhos dela em algum lugar que ela não disse", contou.

Já cansados, ainda de acordo com a professora, os bandidos pediram à polícia o cigarro que tinham deixado em uma bolsa dentro do carro da vítima, que ficou do lado de fora da casa. "Nossa estratégia é sempre a de acalmar os bandidos para evitar riscos à vítima. Então, entreguei o cigarro a eles", justificou o sargento da PM, Nilton Roberto, que conversou com os assaltantes por telefone.
M.M. contou que Jaqueline pegou o cigarro, acendeu e disse para Silva, seu namorado: "Vamos fumar nosso último cigarro em liberdade."

Conforme orientação da polícia, em seguida, eles deixaram a arma numa mesa, acenderam as luzes da casa e se entregaram, por volta das 2h. A prisão foi aplaudida por cerca de 30 pessoas que se aglomeraram perto da casa invadida.

Uma viatura da Unidade de Regate do Corpo de Bombeiros levou a vítima até o pronto-socorro do Hospital Augusto de Oliveira Camargo (Haoc), em Indaiatuba, e pouco tempo depois, ela prestou depoimento na Delegacia Central e falou com a imprensa. M.M. estava calma. "Agora, o nervosismo passou" , disse, aliviada. O marido e ela ainda não sabem se continuarão a morar na casa. Ela voltou dos Estados Unidos para o Brasil há menos de um ano. "Essa situação pode acontecer em qualquer lugar", ponderou o marido da professora.

Uma testemunha disse ter visto um outro rapaz que teria dado cobertura ao casal de assaltantes. O tenente Israel Pilmon, que comandou a operação de rendição dos bandidos, negou a informação. "Toda a negociação foi feita dentro da estratégia de preservação da vida da vítima", comentou. A pistola usada pelos assaltantes, segundo ele, estava com a numeração raspada.

Jaqueline e Silva foram indiciados pela delegada plantonista Luciana Maria Botteri, por tentativa de roubo e porte ilegal de arma. Segundo a polícia, Jaqueline é foragida da cadeia feminina de São Vicente, no litoral paulista, e Silva já foi preso por roubo. Ele será encaminhado ao Complexo Penitenciário Campinas-Hortolândia e ela retornará para a cadeia de São Vicente.


 
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