UOL




São Paulo, quarta-feira, 19 de maio de 2004


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

A FORÇA DO LOBBY

O álcool, como o tabaco, a cocaína e a maconha, é uma droga psicoativa, que provoca dependência -e como tal deve ser tratado. Só o intenso lobby dos produtores explica o fato de que a propaganda de bebidas não tenha ainda sido banida, a exemplo do que já ocorreu com o cigarro. Não se trata, é claro, de advogar uma extemporânea e autoritária proibição do álcool, medida que já foi adotada em outras plagas e se revelou contraproducente. Reconhecer, porém, que bebidas devem ter o seu lugar na sociedade não significa sancionar sua publicidade.
Esse imperativo do bom senso reveste-se de urgência quando se considera que a propaganda de algumas bebidas alcoólicas é voltada especificamente para o público jovem, grupo que tende a adotar comportamentos de risco sem necessidade de receber estímulos para isso.
Lamentavelmente, sucessivos governos brasileiros têm cedido ao lobby dos produtores e deixado de tomar as medidas necessárias contra a publicidade de álcool. Incorrem no velho erro de fazer as contas pela metade. Ficam com os empregos e as receitas de impostos hoje gerados e fecham os olhos para os prejuízos de amanhã, que recairão sobre outras administrações. O problema com esse tipo de conta é que quem sai perdendo é a sociedade como um todo.
Diante desse quadro desalentador, não deixa de ser positiva a proposta do grupo interministerial criado pelo governo de só permitir a publicidade de álcool na TV após as 23h. É um tímido avanço, mas, ainda assim, um primeiro passo. Atualmente, apenas a propaganda de bebidas fortes (acima de 13 º Gay-Lussac) sofre restrição legal de horário. Cervejas, vinhos e bebidas do tipo "ice" podem veicular seus reclames em horário nobre ou até infantil.
É claro que o projeto da comissão é preferível à situação atual, mas fica bastante aquém da proscrição de toda e qualquer publicidade de bebidas alcoólicas, o que seria o correto em termos de saúde pública.


Texto Anterior: Editoriais: IMPASSE EUROPEU
Próximo Texto: Bruxelas - Clóvis Rossi: Projeto x manual
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.