Cigarros informam seus teores com erro
Testes têm o objetivo de verificar
se indústria já está se adaptando a novas regras da Anvisa ROBERTA PENNAFORT
RIO – Análise das dez marcas de cigarro mais vendidas no País, feita
no Canadá, mostrou que os maços de quatro delas não informam corretamente
o teor de alcatrão – composto formado por 16 tipos de substâncias
cancerígenas – que contêm. A embalagem do Marlboro declara que o cigarro
tem 12 miligramas de alcatrão, mas os testes verificaram que contém 15 mg.
Já o Dallas diz ter 16 mg, dois a menos do que foi constatado. Resolução
da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determina que, a
partir de 31 de janeiro de 2002, o nível máximo de alcatrão seja 12 mg.
Realizado pelo laboratório Labstat, referência mundial em análise de
cigarros, o exame foi encomendado pelo Instituto Nacional do Câncer
(Inca), em convênio firmado com a Anvisa. Além do Marlboro e do Dallas,
foram testados o Free, o Hollywood e o Derby, além de suas versões light,
mas só os primeiros apresentavam irregularidade. Procurada pelo Estado, a
direção da Phillip Morris, empresa que produz ambas as marcas, informou
que não foi oficialmente comunicada sobre o exame e, por isso, não se
pronunciaria.
Os testes com o Hollywood e o Derby surpreenderam os pesquisadores: o
teor declarado é maior do que cada cigarro tem de fato. No caso do
primeiro, o fabricante informa que são 12 mg de alcatrão, quando foram
encontrados 10; o segundo declara 12 mg ante 11 mg descobertos na análise.
No caso do Free não foi constatada discrepância.
Redução – A International Standard Organization (ISO), cuja
metodologia é utilizada como padrão em todo o mundo, estabelece que os
teores que constam das embalagens podem ser 15% maiores ou menores do que
os níveis reais das substâncias. “O problema é que as indústrias sempre
nivelam pelo índice máximo”, afirmou a gerente da Divisão de Estudos
Clínicos e Laboratorais do Tabaco do Inca, Silvana Turci.
O objetivo das análises era descobrir se as indústrias já estão se
adaptando à resolução 46 da Anvisa – que estabelece 12 mg de alcatrão, 12
mg de monóxido de carbono e 1 mg de nicotina como o máximo tolerável nos
cigarros. Apesar das diferenças encontradas, o teste revelou que o mercado
está diminuindo a concentração de compostos nocivos nos cigarros, em
relação a exame feito há seis anos.
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