CAMPANHA 2014

(veja abaixo notícias correlatas da imprensa)

"CERVEJA SEM ÁLCOOL NA TV, É LEGAL!"

Podem empresários da indústria da bebida alcoólica e dos meios de comunicação, só pela projeção social que alcançaram, estarem eximes de crítica?
Até quando a sociedade vai ser vítima e ainda favorecer a prosperidade material dessas pessoas?

O amor é a força mais abstrata e também a mais potente que há no mundo.
Só podemos vencer o adversário com o amor, nunca com o ódio.
Gandhi.

 

 

 

O PROBLEMA:

A indústria da bebida alcoólica foi corresponsável nos últimos trinta e um anos por quase 700 mil mortes no Brasil, só no trânsito, considerando-se as 980 mil mortes ocorridas nesse período (Centro Brasileiro de Estudos Latino Americanos), combinadas com o fator álcool estar presente em 70% dos casos, mesmo sem configurar embriaguez (Portal do Trânsito Brasileiro).

E quantas mortes prematuras ocorreram pelo consumo do álcool, ou pela influência em assassinatos, inclusive familiares, ou suicídios, nos últimos trinta anos, numa prevalência de 12,3% de dependentes no Brasil segundo o Levantamento Domiciliar sobre Uso de Drogas no País de 2005 (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas)?

Não bastassem as mortes, considerando o percentual nove vezes maior de feridos no trânsito (40 mil mortos para 376 mil feridos por ano - Portal do Trânsito Brasileiro), o número da corresponsabilidade da indústria da bebida alcoólica em relação aos feridos aproximou-se de 6,3 milhões.

Qual a corresponsabilidade dessa indústria no déficit previdenciário se apenas em acidentes de trânsito o governo gasta, em média, R$90.000,00 com vítima não fatal e R$550.000,00 em caso de morte, segundo dados do IPEA, gerando prejuízos materiais e morais, acumulantes e progressivos a cada ano, de R$10 bilhões anuais (Portal do Trânsito Brasileiro)?

E pelo absenteísmo devido ao álcool, responsável por 50% dos casos, e, portanto, de metade dos US$ 19 bilhões perdidos por ano pelo Brasil pelas faltas ao trabalho, de acordo com cálculos do Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID)?

E o Judiciário transfere o problema de saúde pública do alcoolismo para os empresários, o que redunda, consequentemente, em mais encargos à Previdência Social.

O pior de tudo. O álcool é a porta de entrada das drogas mais pesadas, que assolam o país. Há um viciado em crack que não tenha inciado o vício da bebida alcoólica ou do tabaco? O que gera ainda mais encargos à Previdência Social e à sociedade, pois os afastamentos por auxílio-doença por drogas ilícitas superam em 8 vezes o por álcool e tabaco, aproximando-se de 125 mil em 2012, tendo gerado prejuízos, em 2011, de, no mínimo, R$107,5 milhões, segundo dados levantados pelo Ministério da Previdência.

É inaceitável!

OS REPONSÁVEIS:

Podemos vir a corrigir e ampliar a ordem dessa lista, mas, a princípio, são responsáveis pelo fomento dessa situação:

* Empresários da indústria da bebida alcoólica, especialmente Ambev, Heineken, Schincariol, Petrópolis, e outras que já possuem cerveja sem álcool e podem, hoje mesmo, anunciar apenas esse tipo de cerveja.

* Proprietários de meios de comunicação, que podem, hoje mesmo, anunciar apenas cerveja não alcoólica. Em especial a Rede Globo, que em 2013 teve um lucro de 2,583 bi, superior, por exemplo, a todo o faturamento da Rede Record.

* Setores econômicos, como o futebolístico (confederação, federações e clubes), que podem excluir a bebida alcoólica dos patrocínios.

* Classe política, que pode iniciar e dar andamento a projetos nesse sentido.

* Imprensa e classe publicitária, através de uma maior responsabilidade social e senso crítico.

* Cada um de nós da sociedade, apesar de vítimas ou vítimas em potencial, pela aceitação dessa situação.

PROPOSTA:

Diferentemente da indústria do tabaco, para a qual não há níveis seguros para o consumo do seu produto, a indústria da bebida alcoólica, em especial as cervejarias, possuem uma mina de ouro não explorada: a cerveja sem álcool.

Propriamente, o termo cerveja já deveria ser utilizado para a sem álcool, merecendo, a antiga, o título de cerveja com álcool.

O gosto real de cerveja, na verdade, é encontrado nas cervejas sem álcool.

Isto posto, diferente da proibição total da cerveja na televisão, a mudança para a bebida sem o álcool demonstra-se prática e oportuna.

CONTRA-AGRUMENTOS:

Como já é conhecido do discurso dos que lucram com o prejuízo alheio, lembramos contra quaisquer contra-argumentos que estamos falando da vida e da saúde publica, e o que se propõe é a mudança do paradigma do consumo da cerveja com álcool para a cerveja sem álcool.

A Fifa, patrocinada por bebida alcoólica, é um péssimo exemplo, e países de perfil diferente do Brasil também não podem servir de contra-argumento.

Felizmente, publicitários de visão demonstram ganhos, na prática, em se voltar os olhos para aspectos saudáveis.

E quanto à velha alegação de que o que se anuncia é a marca, e não o produto, relembramos que é hora de se anunciar a cerveja sem álcool...

AÇÕES:

De experiências passadas, verifica-se que assim como algumas mudanças ocorrem apenas através de lei, como o fim da publicidade de cigarros na TV, outras, como a de que as propagandas não apelassem a animais simpáticos e bem-humorados, como tartaruguinhas ou caranguejos, com grande impacto principalmente entre o público jovem e crianças, foram resultado do acolhimento de um manifesto.

Assim sendo, iniciamos este manifesto para a mudança do paradigma da publicidade de cerveja na TV, de alcoólica para não alcoólica.

Este assunto é uma tragédia, e não podemos esperar que outras continuem ocorrendo!

Você precisa dizer a todos que sabe que este é um problema, que precisa ser corrigido, e que não quer mais pagar essa conta...

Obrigado!

31 de março de 2014.

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