Nota oficial sobre a desclassificação do Brasil na Copa do Mundo

Uruguai, único país sem patrocínio oficial de companhia de cerveja dentre os países que chegaram às quartas de final, é o Campeão Moral da Copa do Mundo de 2010.

Pedimos licença, tendo em vista a menção por um programa jornalístico sobre a possível maldição que ronda a seleção argentina de futebol por supostamente não ter retornado a uma igreja cuja delegação havia visitado antes da partida para a copa do mundo de 1986, para nos manifestarmos contra o patrocínio de bebida alcoólica da seleção brasileira, que já beira à maldição.

Em 2006, o técnico, o capitão e o centroavante titular viraram garotos propaganda da companhia de cerveja patrocinadora da seleção nacional. Em 2010, a ação foi repetida pelo técnico, o goleiro, dois laterais e o centroavante.

A maldição que ronda a Ferrari da Formula 1 nos últimos anos, única que prolongou o patrocínio de tabaqueira até a proibição em 2011, ainda que exibindo apenas um “código de barra”, e vendendo parte de sua escuderia à Philip Morris, afetando inclusive seus pilotos (vide a sina de Felipe Massa), agora ronda a seleção brasileira, por força da bebida alcoólica.

Não se trata, contudo, de suposta ingratidão, como no caso da seleção argentina, ou pura mistificação.

Os efeitos nefastos da bebida alcoólica na sociedade são reais, em especial em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento: mortes prematuras no trânsito, inclusive de vítimas inocentes, ruína física e moral de dependentes do álcool, aumentando o número da população de rua, crescimento da criminalidade, destruição de lares, com aumento de violência às mulheres, desnutrição de crianças em lares onde falta o leite, mas não falta o engradado de cerveja, etc.

Infelizmente, já está anunciado o patrocínio da seleção brasileira na Copa de 2014 por uma companhia de cerveja internacional.

Esse abuso desnecessário de exploração econômica afeta também a imparcialidade da torcida à seleção brasileira, um patrimônio nacional pertencente a todos os brasileiros.

Num país onde mais da metade da população não faz uso da bebida alcoólica, exibir a frase “Lotado! O Brasil inteiro está aqui”, como ocorreu no ônibus da delegação brasileira em 2010, não é uma verdade.

Infelizmente, a Alemanha, em sua copa do mundo de 2006, usou e abusou de flashes de torcedores com copo de cerveja na mão, em proveito próprio, por ser grande exportadora do produto.

Embora a própria Fifa explore o patrocínio da bebida alcoólica, ainda há tempo para o Brasil rever contratos e, transformando a Copa de 2014 numa copa sem patrocínio de cervejarias, dar exemplo ao mundo de sobriedade e consideração ao semelhante.

Ultrapassando as quartas de finais da Copa do Mundo, onde todas as seleções possuíam patrocínio de companhias de cerveja, excetuada também Gana, Uruguai é o Campeão Moral de 2010.

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